segunda-feira, 25 de outubro de 2010

corpo

Você se lembra como foi quando você sangrou?
Quando você amou e queimou naquelas chamas que você tinha?
Por que esteve dormindo há muito tempo?
E agora você aceitou
Que sua anatomia define mais do que umas brechas na nossa fábrica social
E define mais do que umas noites a sós
Mais do que umas barras de prisão derretidas e transformadas em alianças

Nós as fizemos de camponesas e nos fizemos reis
Nossas rainhas ainda são subordinadas como um anjo (sem asas)
Nós facilitamos o que deixa fácil significar que é fácil estar errada

"Coloque um pouco de plástico nos seus peitos e você ficará melhor loira..."

Eu me lembro de quando você era cheia de esperanças
E você nunca pensou que sua vida seria vivida dentro de um caixão
Com um sacrifício moral e um milhão de obrigações sociais, rótulos e expectativas
Você era jovem e moderna, na moda e vazia, perseguindo um sonho cosmopolita

Então quando você sangrou na cama enquanto alimentava essas expectativas
Como uma prostituta e não como um humano
Você abrangeu com hesitação todos os parâmetros de tudo o que você pode ser
Não uma mãe, não uma tia, não uma irmã que não é subjulgada
Pois dignidade não é física.

E sua carne significa mais do que você

Sua carne significa mais do que você
E eu sei...
Sei que um dia todos nós acordaremos com uma arma em nossa nuca
Você estará pedindo seu 'orgulho', eu sorrirei e a chamarei de valente
Talvez um dia quando, quando essa caveira sangrenta tiver secado
Eu saberei que nossa cidade está em ruínas

E a maior fonte de orgulho é um monumento de pênis e costelas, e coroas que usávamos
E embaixo, uma placa irá dizer, uma placa irá dizer...

"Nenhuma mulher é uma prostituta..."

um saaaaalve, abraços

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